[ANÁLISE] A CANÇÃO DE GELO E FOGO : AS AMBIÇÕES SULISTAS [Rhaegar Targaryen parte VI]
Há um tempo atrás eu falei aqui sobre uma consagrada teoria
de ASOIAF conhecida como A Grande Conspiração dos Meistre. Basicamente, a
teoria defende que os meistres estão envolvidos num movimento para acabar
com a magia no mundo e consequentemente estariam por trás da morte dos dragões
da Casa Targaryen. A teoria ganha folego principalmente após uma revelação
feita pelo grande Arquimeistre Marwyn, a Samwell Tarly, durante O Festim dos
Corvos.
“- Quem você acha que matou todos os dragões da última
vez? Galantes matadores de dragões armados de espadas? – cuspiu. - O mundo que
a Cidadela está construindo não tem lugar para feitiçaria, profecias ou velas
de vidro, e muito menos para dragões. Pergunte a si mesmo por que foi deixado
que Aemon Targaryen desperdiçasse a vida na Muralha, quando, por direito
próprio, devia ter sido promovido a arquimeistre. O motivo foi seu “sangue”.
Não podiam confiar nele. Assim como não podem confiar em mim.” (MARTIN,
George RR, Samwell V. O Festim dos Corvos. São Paulo: Leya, 2012, cap. 45.
Tradução de Jorge Candeias)
A revelação chocante feita por Marwyn sugere que os meistres
não apenas podem estar por trás da morte dos dragões, como também da própria
destruição da Casa Targaryen, já que dragões possuem um duplo sentido e se você
destrói as criaturas seria prudente destruir também aqueles que podem
chocá-los e o caminho para tal feito teria sido a Rebelião de Robert.
É assim que chegamos ao que pode ser outra conspiração,
conhecida como “As ambições sulistas” e que somada a primeira conspiração, pode
ter exercido impacto considerável na vida do príncipe Rhaegar Targaryen.
Vamos começar então pela Rebelião de Robert, o movimento armado que removeu a Casa Targaryen do Trono de Ferro.
Sabemos que Brandon Stark chegou a Fortaleza Vermelha com
seus companheiros, desafiando Rhaegar para um duelo depois de ouvir que o
príncipe herdeiro havia sequestrado sua irmã, Lyanna Stark. Porém, Rhaegar não
se encontrava em Porto Real e Brandon acabou sendo aprisionado pelo rei Aerys II Targaryen por ameaçar a vida de seu herdeiro. Rickard Stark, pai de Brandon,
foi convocado a Porto Real e acabou sendo executado cruelmente por Aerys junto
com seu filho. Aerys então exigiu as cabeças de Eddard Stark e Robert Baratheon
a Jon Arryn que se recusou e se rebelou contra o rei. Depois disso, Eddard reuniu o Norte e
Robert as Terras da Tempestade para marchar contra o Trono de Ferro.
Eles estavam ligados a Jon Arryn porque foram seus
protegidos, criados no Ninho da Águia. Jon Arryn e Eddard Stark realizaram
alianças matrimoniais com a Casa Tully, garantindo assim o apoio de Hoster
Tully na rebelião. Antes disso, uma aliança de casamento entre Lysa Tully e
Jaime Lannister havia sido considerada, e a filha mais velha de Lorde Hoster,
Catelyn Stark, era noiva de Brandon Stark, antes dele ser morto em Porto Real e
ela casar-se com Ned. Para completar, Lyanna Stark havia sido prometida a
Robert Baratheon, numa aliança que ligaria as Terras da Tempestade e o isolado Norte.
Embora Jon Arryn, Steffon Baratheon, Rickard Stark, Hoster
Tully e Tywin Lannister tivessem lutado lado a lado durante a Guerra dos Reis de
Nove Moedas e com exceção de Tywin, tivessem mantido uma espécie de amizade depois
disso, essas sucessivas aliança são altamente incomuns. Se olharmos para as
relações das grandes casas em circunstâncias normais, elas raramente se casam
fora dos próprios reinos. Os casamentos geralmente são realizados com os seus
próprios vassalos conforme observado abaixo:
·
Hoster Tully casou-se
com Minisa Whent;
·
Tywin Lannister com a
sua própria família, sua prima Joanna Lannister;
·
Steffon Baratheon
casou-se com Cassana Estermont;
·
Rickard Stark também casou-se com sua própria família, sua prima Lyarra Stark;
·
Mance Tyrell com
Alerie Hightower;
·
Balon Greyjoy com
Alannys Harlaw.
Em menor escala, o mesmo acontece na maioria das vezes
entre os vassalos, eles raramente se casam com outros reinos. Isso é
importante, porque a influência política e a estabilidade em seu próprio
domínio é de suma importância para todos os senhores de um reino. Casar
com os outros só é útil em dois casos: se você quiser selar uma paz ou se
quiser selar uma aliança. Caso contrário, você não faz isso, porque ganhar
ou garantir influência com seus próprios vassalos é mais importante. Isto é
especialmente verdadeiro para um reino remoto como o norte. E, no entanto, de
repente, Lord Rickard almejava casar um de seus filhos com a Casa Tully e enviar
o outro aos cuidados da Casa Arryn, ambos sendo os vizinhos direto do
Norte. Não há paz para selar e apenas ser amigo de guerra não justifica
exatamente essa quebra de costume.
“Se eu fosse rainha, a primeira coisa que eu faria seria
matar todos esses ratos cinzentos. Eles correm por todos os lados, vivendo dos
restos de seus senhores, tagarelando uns com os outros, sussurrando no ouvido
de seus mestres. Mas quem são os mestres e que são os servos? “
[...]
Ou
ainda:
"Mas no dia em que soube que Brandon ia casar com Catelyn Tully… não foi nada doce aquela dor. Ele nunca a quis, eu lhe garanto. Ele me disse isso, na nossa última noite juntos… mas Rickard Stark também tinha grandes ambições. Ambições sulistas, que não seriam alcançadas se o seu herdeiro se casasse com a filha de um dos seus vassalos. Depois disso, o meu pai acalentou alguma esperança de me casar com o irmão de Brandon, Eddard, mas Catelyn Tully pegou esse também." (MARTIN, George. O Vira Casaca A Dança dos Dragões. São Paulo: Leya, 2011, cap. 41. Tradução de Marcia Blasques)
"Mas no dia em que soube que Brandon ia casar com Catelyn Tully… não foi nada doce aquela dor. Ele nunca a quis, eu lhe garanto. Ele me disse isso, na nossa última noite juntos… mas Rickard Stark também tinha grandes ambições. Ambições sulistas, que não seriam alcançadas se o seu herdeiro se casasse com a filha de um dos seus vassalos. Depois disso, o meu pai acalentou alguma esperança de me casar com o irmão de Brandon, Eddard, mas Catelyn Tully pegou esse também." (MARTIN, George. O Vira Casaca A Dança dos Dragões. São Paulo: Leya, 2011, cap. 41. Tradução de Marcia Blasques)
Lady Dustin está afirmando que Lorde Rickard foi manipulado por
um meistre para planejar a aliança de casamento entre Brandon e Catelyn Tully e
esse fato talvez possa ser reforçado pelos outros arranjos incomuns que ocorreram no
intervalo entre a Guerra dos Reis de Nove Moedas e a Rebelião de Robert. Conforme
já citado, Ned e Robert foram enviados para o Ninho da Águia, Lyanna foi
prometida a Robert e cogitou-se um casamento entre Lysa Tully e Jaime
Lannister. O resultado desses movimentos foi a formação de uma aliança
Stark-Tully-Arryn-Baratheon que foi fundamental para a queda da Casa Targaryen, e mais tarde contou com a ajuda da Casa Lannister, sendo esta última a responsável pelo Saque de Porto Real que só aconteceu porque o Grande Meistre Pyrcelle convenceu Aerys a abrir os portões da cidade para Tywin, a quem Pycelle estava alinhado.
Evidente que cada um dos Lordes envolvidos com a chamada "ambições sulistas", principalmente Rickard Stark, tinham suas próprias agendas, embora elas permaneçam desconhecidas pelos leitores. Porém,
essas ambições e a amizade entre os lordes envolvidos com a conspiração podem
ter sido usadas como instrumento pela Cidadela para retirar não apenas Aerys
II, mas a Casa Targaryen do Trono de Ferro, destruindo aqueles que podiam
trazer os dragões de volta e nunca desistiram de tentar trazê-los de volta até aonde sabemos. Também é digno de nota
a proximidade do meistre Walys com a Casa
Hightower, sendo esta casa de extrema influência na Campina e uma das protagonista da Dança dos Dragões, a guerra que acontece no interior da Casa Targaryen e que teve como um de seus desdobramentos o desaparecimento dos dragões no reinado de Aegon III.
Na próxima parte tentarei explicar como as ambições
sulistas e o movimento de aliança entre as principais casas de Westeros podem ter influenciado as decisões misteriosas de príncipe Rhaegar,
sobretudo em relação ao torneio de Harrenhal.
Por Luciana Gomes (Rhaenys) |
Ahh sim! E o pior de tudo, e que faz todo sentido!
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